segunda-feira, 27 de abril de 2015

25 DE ABRIL-RECORDANDO UM AMIGO


A recente comemoração do 41º Aniversário da Revolução dos Cravos trouxe á nossa recordação um amigo já falecido ,DOMINGOS DE CARVALHO, para nós um símbolo da luta  anti-fascista,pai do consagrado escritor MÁRIO DE CARVALHO e avô do jovem escritora ANA MARGARIDA CARVALHO. Também publicou Livros de prosa  e Poesia e em sua memória transcrevemos uma das suas Poesias:

                 ROUBO

Quem roubou a bolota ao Sr. dos Casais?
Na coutada dos suínos
ficaram as pegadas
de ladrões pequeninos...
Veio a Guarda da Comarca
                                    com a Lei dos Tribunais
                                    oculta nas emboscadas.
                                    E os pequeninos ladrões
                                    filhos dos próprios ganhões
                                    do senhor dos Casais,
                                    rendidos,cercados,
                                    famintos rasgados,
                                    ainda meninos.
                                    Por mais não haver
                                    só queriam comer
                                    no chão dos suínos.

Uma simples homenagem a um homem bom,fomos muito amigos de seu pai,Alfredo Martins de Carvalho com quem convíviamos todos os dias na nossa juventude, na loja onde fomos caixeiro,colega de trabalho de seu irmão José Maria.Também recordamos sua mãe,Ana Luisa que tinha sempre uma malga de sopa quente e um pedaço de pão com conduto para os pedintes que diariamente iam ao Monte da Vinha para minorar a fome nos terríveis anos da crise dos anos 30,40 e 50 do último século.Por vezes falo com pessoas dessas épocas que recordam com saudade esta família. Enquanto os grandes latifundiários assolavam os cães contra os indigentes,no Monte da Vinha,um pequeno proprietário a todos ajudava.Uma excepção nesta região era o Monte Torre Vã,onde um grande latifundiário,José  Nobre Lança,também acolhia os mais carentes.

Jraposonobre@hotmail.com

1 comentário:

  1. Caro Zé Nobre,
    O teu escrito do dia 27 a propósito dos meus saudosos Pais, leva-me a tecer brevíssimos comentários.
    Em primeiro lugar, o reconhecido agradecimento pelas referências explanas cheias de verdade, atendendo ao grau altruísta dos meus progenitores e, em segundo lugar, acrescentar algumas notas que vão completar a tua alusão.
    Lembro-me do meu velho Pai, teria eu 8/10 anos, dizer a algum ou alguns dos muitos pobres que proliferavam na nossa terra nos anos de miséria: "Olha vai lá ao monte buscar um jantar de favas" e, a esse "jantar de favas" a minha saudosa Mãe, rebuscava na velha salgadeira um naco de toucinho para o complemento da refeição que nesse dia amansava a fome.
    Nunca, nunca um mendigo que chegava ao Monte da Vinha dali saía sem um bocado de pão que sofregamente engolia, acompanhado de um punhado de azeitonas, se outro conduto não fosse possível.
    Obrigada, Zé Nobre pelas tuas narrativas, que tanto me sensibilizaram.

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