quinta-feira, 3 de março de 2011

FEIRAS,CIRCO E TEATRO

As Feiras anuais tiveram nas primeiras decadas do século passado enorme importância. Eram oportunidades para os produtores de gado venderem as suas criações,as populações adquirirem produtos que não se encontravam á venda no comércio local,para o encontro de familiares e amigos,até para os jovens do sexo masculino perderem a virgindade,contraindo,por vezes doenças venereas,esta é uma verdade cruel que testemunhei pela amizade com os médicos da época.
Nos ultimos anos tudo se alterou,novos sistemas comerciais,os produtores de gado vendem as suas criações por novos métodos que defendem higienicamente os consumidores,as grandes Feiras são hoje recintos de exposições de tudo o que é da região,com animação musical de grupos do foclore,ou de artistas conhecidos. Quero referir,voltando ás primeiras décadas do séculoXX,que no periodo de Inverno,quando não haviam Feiras,entre Dezembro e Abril os Circos e Companhias ambulantes de Teatro passavam êsses meses numa localidade,Alvalade recebeu nos anos 40 o Circo Cardinalli,propriedade do avô do atual diretor Vitor Hugo,armaram o Circo no local onde é hoje o Jardim,durante êsse tempo convivemos com a família,lembro-me muito bem do Pepe,ilusionista,que casou com a conhecida artista Anita Guerreiro,falecido há poucos anos e do pai do Vitor Hugo,além de outros artistas. Porém a melhor e mais importante recordação que tenho é do Teatro ambulante Munhoz dirigido pelo pai da melhor atriz viva do Teatro português,Eunice Munhoz,que aqui trabalhou quando ainda era muito jovem. Nasceu no Alentejo,creio que foi bem Moura,os pais andavam pelas Feiras com uma Barraca onde faziam peças de Teatro popular. Estiveram um Inverno em Alvalade,onde alugaram o Casão do Sabino na Rua Luis de Camões,montaram um palco improvisado onde vi A Dama das Camélias,As Pupilas do Senhor Reitor,etc. O meu pai como Comandante da GNR tinha bilhetes e não faltei,criando um gosto pelo eatro e mais tarde pelo Cinema  que ainda mantenho,vi a Eunice em várias peças no Teatro Nacional mas inesquecivel foi A MÃE CORAGEM,com Rui Carvalho e a Irene Cruz,tambem não esqueci Palmira Bastos em As Arvores Morrem de Pé,mas o mais importante é dar a conhecer aqueles que não viveram essas épocas que a grande Eunice viveu meses e trabalhou na nossa terra. Somos da mesma idade e sempre acompanhei a sua inigualável carreira no Teatro e no Cinema. Nas telenovelas não tenho seguido.

1 comentário:

  1. Belo artigo para coligir informação sobre uma parte da história social de Alvalade pouco conhecida. Nestes tempos, em pleno Estado Novo, Alvalade tinha mais vida cultural do que actualmente, vivendo em Democracia. Não deixa de ser estranho...
    _LPR

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