sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

As cheias do Sado e as Pontes

Antes da construção da Barragem da Rocha  que corrigiu os caudais do Rio Sado,eram frequentes as cheias do rio que inundavam totalmente as Varzeas e quando coincidia com cheias da Ribeira de Campilhas,afluente que desauga perto de Alvalade,as cheias eram de grande dimensão. O primeiro taxi que houve em Alvalade,no Inverno estacionava na margem direita do rio,monte Porto Beja e as pessoas passavam o rio na barca do Zé Peixeiro para puderem sair,muitas vezes por motivos de doença. Nos anos 40 do sec XX a Junta Autonoma das Estradas,pela sua divisão de Pontes,mandou elaborar o projeto de Ponte no Sado e viaduto sobre a linha ferrea para a  entrada da vila ser a que hoje existe,antes era pela rua do Posto da GNR. Os tecnicos vieram visitar o local e projetaram a Ponte dos Arcos e o Viaduto,ficando ligados por um aterro na Varzea,as pessoas da população alertaram para o problema das cheias,mas com a sua sabedoria os senhores não acreditaram que aquele riacho pudesse criar dificuldades quando das cheias. Por coincidencia,um dos srs engenheiros de nome Sabino era irmão da snrª  professora D Judite,esposa do meu saudoso amigo Chico Guerreiro. No Inverno seguinte houve uma das maiores cheias que conheci. O amigo Guerreiro pediu-me para fazer fotografias focando uma oliveira na horta do Antonio Costa,junto da via ferrea para que os srs engenheiros vissem os limites que a cheia atingia. Ao verem as fotos vieram imediatamente ao local e constataram que o aterro entre a Ponte e o Viaduto do C/ferro iria provocar a inundação da via ferrea e da Estação porque o grande volume de aguas não caberia pela Ponte dos Arcos,foi então decidido alterar o projeto e construir o Viaduto da Varzea que hoje existe. Voltando as cheias,eram realmente espetaculares,invadiam o Lavadouro publico e toda a Varzea era um enorme lago,a população ia para os pontos mais altos para desfrutar a paisagem,os agricultores,embora por vezes tivessem prejuizos,diziam que as natas de lama que as aguas transportavam beneficiavam as terras nas futuras culturas,tambem era frequente as aguas trazerem troncos de arvores derrubadas pela força da corrente. Como digo no inicio,depois da Barragem já raramente o Sado sai do seu leito mesmo na péssima situação em que encontra,sendo necessario que Ministerio do Ambiente lhe preste atenção. Depois de tantos anos é reconfortante lembrar que demos uma modesta contribuição  para corrigir um erro que poderia ter graves consequencias porque os Srs Engenheiros que vinham dos seus gabinetes em Lisboa não acreditavam na população,só uma simples foto os fez emendar  o tremendo erro que seria um aterro naquele local.

1 comentário:

  1. Felicito o Sr. Nobre por ter iniciado esta "aventura" no mundo da internet, contando parte das estórias que viveu na nossa terra que no fundo são um pouco das nossas memórias. Parabéns!
    Luis Pedro Ramos

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