Como já prometi vou recordar para os mais idosos e informar os jovens da importancia desta colectividade numa época em que não havia outro local de reunião para divertimento,o Cinema só foi inaugurado em fins dos anos 50 e a Casa do Povo nos anos 60,isto no sec.XX.. Quando cheguei a Alvalade no inicio dos anos 30 localizava-se na Praça da Republica,onde hoje vive a D. Tomásia Ilhéu,aí conviviam os homens para os jogos de Bilhar e Cartas , bebiam os seus cálices,realizavam-se Bailes. Ainda nos fins da mesma década mudou para o local onde hoje existe o Crédito Agrícola. Na Sala de Festas bastante ampla foi construido um Palco para actividades teatrais,por sorte estava como Chefe da Estação dos C/ferro o Snr Monteiro,natural do Barreiro onde fez parte como actor amador e encenador de peças teatrais. Bastante culto e disciplinador formou um grupo que nas noites de inverno ensaiava peças e nos ensinava na arte da declamação,fiz parte do grupo,e ao longo da minha vida como apresentador de espectaculos e autarca,ao enfrentar o publico,notava quanto beneficiei com os ensinamentos do Chefe Monteiro na colocação da voz,nas pausas,na leitura de um texto,até no improviso.Lembro outras pessoas da época que fizeram parte do grupo,dos falecidos,os Irmãos Palma Bica,Augusto Protásio,Mariana do Nascimento,Delca e outros mais.Ainda vivos lembro a minha esposa e a D. Maria José Protásio. Faziamos as comédias de André Brun,os poemas de Augusto Gil,etc.. Fui dirigente da Sociedade quando os estatutos não permitiam por ser de menor idade,tinha só 18 anos,mas ao formar uma direcção foi convidado o Sr. Cabrita Cortes,pai do Dr Acácio,mas pôs a condição de eu também integrar como secretário. Assim tive a possibilidade de organizar excelentes Bailes com os melhores Acordeonistas algarvios,José Ferreira,Diamantino,da Orquestra de Azinheira dos Barros,Também,no Verão fiz as primeiras matinés dançantes com os discos de 78 rotações numa grafonola,com paso-dobles,marchas,valsas e tangos argentinos de Gardel,era a oportunidade das "moças" dançarem sem os olhares criticos das mães,que á noite iam sempre,mas à tarde facilitavam. Na sala ao fundo era o palco,os homens estavam no outro topo da sala onde uma barra de madeira,com entrada num lado e saida no outro ajudava á boa orientação,não havia pagamento de entradas,mas de vez em quando o tocador parava e era o chamado "cravanço" em que cada rapaz pagava vinte e cinco tostões. Nas musicas à inglesa eram as raparigas que iam convidar os rapazes. A luz eram Petromaxes que ás vezes se apagavam,para grande preocupação das mães. Um dia tive conhecimento que em Lisboa havia uma jovem acordeonista,coisa rara,contratei-a e o Baile foi enorme êxito.Também começaram a vir os Cinemas ambulantes,um dia contratei de nossa conta e risco,sem acordo dos colegas de Direcção,o filme História de uma Cantadeira,com Amália e Virgilio Teixeira,foram duas noites de enchentes,ganhamos bastantes escudos,os colegas ficaram convencidos e talvez aí tivesse nascido um empresário apaixonado da sétima arte. Baseei as minhas informações nas actividades teatrais e festivas,mas a Sociedade era ponto de encontro,os mais velhos jogavam a Bisca e a Manilha,os mais novos o Bilhar,haviam bons jogadores,nunca
nos iamos deitar sem passar pela Sociedade. Anos depois uma má gestão levou tudo á ruina,mas,entretanto foi construida a Casa do Povo e Alvalade ficou bem servida.Entretanto por heranças o edíficio foi de minha propriedade onde instalei a Mecanica Alva-Sado e mais tarde cedi ao Crédito Agrícola.
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